6. Sihal

6. Sihal

Lala, a aldeia situada na raiz da cordilheira fria do sul, dobrou-se à impressionante eloquência de Jiam. As palavras que lhe foram reveladas pela voz do deserto tinham o poder impressionante para arrebanhar seguidores. Em pouco tempo, Lala o admirava como a um messias.

Lahal não teve a mesma sorte ao tentar converter a outra aldeia, chamada Limghla, à grande aliança das cavalarias Oumaji, conforme Jiam idealizara. O forasteiro cometeu várias gafes em seu esforço desastrado de persuasão e, desconfiado por natureza, o povo de Limghla fez prisioneiro.

Por sua vez, Jiamadu, o primogênito de Jiam que seguira sua trilha de perto, sentiu-se atraído pela fabulosa visão das ruínas perto de Limghla. A visão, monumental aos olhos do jovem cavaleiro, o encheu de um senso inusitado de que estava ali para atender a um chamado do destino.

Lahal em Limghla, Jiamadu nas ruínas e Jiam em Lala.

Enquanto isso, a Oeste dali, o caçula Bahu e o cavaleiro Dozo, após concluir que haviam seguido a trilha errada, cavalgaram em ritmo rápido para o leste, seguindo uma trilha de cavalos selvagens ao sul da quinta irmã. Assim chegaram a Sihala.

Para sua surpresa, encontraram lá outros jovens de Lim e foram apresentados à nova esposa de Jiamadu, Hama. A dupla de cavaleiros não podia acreditar nos próprios olhos. No tempo que durou sua viagem pela península de Yejion, as duas cidades já tinham agora um forte intercâmbio de pessoas e mercadorias.

Por gerações o tempo parecia não passar no deserto das cinco irmãs. Agora, desde a revelação e viagem empreendida por Jiam de Lim, décadas pareciam transcorrer em meses e meses converteram-se em dias.

Os cavaleiros de Lim em Sihala.

Com o intercâmbio cultural e comercial entre Lim e Sihala, o povo da pequena vila litorânea aprendeu também a beneficiar o cacto, que era abundante naquela região. 

Com maior disponibilidade de carboidrato, o povo de Sihala passou a trocar parte da sua produção de peixe por produtos vindos de Lim. O pescado sihalano chegava a Lim ainda próprio para o consumo graças à técnica de salgar e desidratar o peixe.

Originou-se daí um dos pratos mais típicos da culinária do vale central: peixe salgado com cuscuz de cacto, que ficou conhecido pelo nome de “sihal”, apelido popular do peixe salgado. O sihal tornou-se a refeição padrão dos viajantes no deserto.

Sihala, antes uma vila de pescadores praticamente indefesa, cresceu fazendo comércio com Lim e assim produziu seus primeiros guerreiros. Como o litoral não era frequentado pelas manadas de cavalos selvagens, que preferiam as pradarias do interior, e o crescimento de Lim demandava grande quantidade de animais, os chamados “Guerreiros de Sihala” não eram cavaleiros. Consistia em um pequeno grupo de lutadores muito hábeis com o bastão de palma, arma padrão do deserto, que era feita com segmentos de caule das palmeiras ainda verdes. Era uma lenha flexível e muito resistente, que os homens ornavam com desenhos geométricos e símbolos de sua família, tribo ou espíritos protetores.

Surgem os primeiros Guerreiros de Sihala.

Antes:

Depois:

Daniel Mattos

Daniel Mattos

Nasceu em Petrópolis, em julho de 1975 e recebeu o nome de Daniel Vidal Mattos. Desde então está em busca de respostas sobre o que é ser Daniel Vidal Mattos, nascido em Petrópolis em julho de 1975. Não se parece com a foto aqui publicada.

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