ANDOR

ANDOR

A primeira coisa que pensei ao surgir a ideia de indicar Andor foi rejeitá-la. Afinal, o universo Star Wars está para lá de consagrado e não “precisa” de uma indicação desses malucos que se chamam Maxie.

Contudo, penso que a indicação se faz pertinente, sim, pois Andor está se demonstrando muito superior às demais séries produzidas para o Disney+.

A primeira, The Mandalorian, por mais que tenha sido um grande sucesso, demonstrou-se uma decepção em termos narrativos. Optando por uma estrutura “velha” do tipo “o vilão do dia”, a experiência da série pareceu para mim quase um procedural. Apenas a fofura do Baby Yoda e o carisma do Pedro Pascal (mesmo passando 99% da história sem vermos seu rosto…) não foram suficientes para sustentar duas temporadas. Só embarco na terceira se a turma aqui de casa colocar pressão.

Depois veio O Livro de Boba Fett. Esta até apresentou uma proposta narrativa mais interessante, mas esbarrou em um problema fundamental: o ator que interpreta o Boba Fett simplesmente não tem carisma suficiente para sustentar um personagem principal. Tanto é que, na segunda metade da série, precisaram recorrer ao… Pedro Pascal e ao Baby Yoda.

Então chegou Obi-Wan Kenobi. Assim como Pedro Pascal, Ewan McGregor tem carisma de sobra. Além disso, a série começou a introduzir um tom mais adulto, o qual acho muito bem-vindo, pois o humor que vinha sendo utilizado até então deixava muito a desejar em relação ao que Harrison Ford conseguia fazer em seu genial Han Solo. Mas a Lea criança precisava de uma atriz mirim mais à altura. Isso, conjugado com as cenas de ação mais mal filmadas e editadas que já foram feitas (a perseguição da Lea na floresta pelo baixista do Red Hot Chilli Peppers e seus capangas é para lá de constrangedora…), acabou por produzir uma série menor do que era de se esperar.

Agora Andor chegou mudando tudo isso. Primando pelo tom sério e mais adulto como já havíamos assistido em Rogue One (o melhor filme de todos os 11 realizados), a série oferece personagens bem construídos, diálogos interessantes e climas de suspense que flertam com o noir. Isso tudo faz o universo Star Wars parecer grandioso novamente, como eu achava quando era criança.

Há quem reclame que Andor é lenta. Sim, é. E ainda bem.

Marcos Felipe Delfino

Marcos Felipe Delfino

Nascido em 1975, Marcos Felipe, também conhecido como Marquinho, ou Marquito, ou Kinets, já tentou ser músico, fotógrafo e cineasta entre outras frustrações. Hoje é servidor público.

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